Por André Dick
Não se trata de dar importância extra à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, mas o Oscar costuma ser uma concentração interessante de produções de destaque, sobretudo nos últimos anos, em que parece ter se aberto mais para premiar estrangeiros. Por outro lado, ao mesmo tempo em que pode dar destaque a um filme merecedor, é capaz de esconder algumas obras que poderiam ser, por meio dele, conhecidas em melhor escala. Uma premiação que concedeu, nos últimos anos, o Oscar principal a filmes como Quem quer ser um milionário? e O discurso do rei também não pode exatamente ser vista como pontual. Este ano, o mesmo se repete – as indicações principais foram melhores do que o resultado delas (embora se estranhe com o fato de que, num ano cheio de opções, tenham sido indicados 9 e não 10 filmes). Um dos problemas, já de edições anteriores, é filmes concorrerem em várias categorias porque também são indicados a melhor filme, não necessariamente sendo os melhores em categorias técnicas. Isso acaba prejudicando uma maior variedade nas indicações, restrita a alguns poucos títulos. Fala-se na influência de Harvey Weinstein nas indicações de Django livre e O lado bom da vida, por exemplo, e isso vale sobretudo para o segundo, que não merecia ser indicado a todas as categorias principais. Enquanto Django recebeu dois Oscars (roteiro original e ator coadjuvante), justos, embora alguns concorrentes fossem melhores, O lado bom da vida conseguiu o prêmio de melhor atriz, bastante precipitado, para Jennifer Lawrence.
Premiou-se como melhor filme Argo, um filme com contexto político, mas na verdade uma homenagem à Hollywood dos anos 1970, que conseguiu, na última hora, não se envolver em polêmicas como A hora mais escura, um filme muito superior. Há admiradores do filme, e pode-se conferir isso pelo número de prêmios que recebeu. De qualquer modo, um ano em que a injustiça passa a ser a não indicação de Ben Affleck para melhor diretor – o que se percebeu no agradecimento final – oferece o escopo necessário para se saber que alguma coisa se perdeu. Ang Lee, apesar de não ser o melhor entre os concorrentes por este trabalho (o melhor era Haneke, de Amor, vencedor do Oscar de filme estrangeiro), como cineasta é muito melhor do que Affleck e As aventuras de Pi um filme superior a Argo. As aventuras de Pi saiu da premiação com 4 Oscars: além do de diretor, para trilha musical, efeitos visuais e fotografia. O caso se repetiu quando Lee ganhou Oscar por O segredo de Brokeback Mountain e perdeu o Oscar principal para Crash, em 2006 (vencedor, como Argo, de três Oscars apenas, naquela oportunidade). Lincoln recebeu 2 Oscars (melhor ator e melhor desenho de produção), assim como 007 – Operação Skyfall (melhor canção e edição de som, empatado, aqui, curiosamente, com A hora mais escura). O belo Os miseráveis – cujo conjunto é melhor do que as partes – conseguiu sair vencedor em três categorias: maquiagem, mixagem de som e atriz coadjuvante (Anne Hathaway), sem, no entanto, ser o melhor nessas categorias, o que não deixa de ser um feito. O belo Anna Karenina sai apenas com o Oscar de figurino.
Argo pode vir a ser reconhecido como uma referência, mas, a meu ver, será lembrado apenas como um dos filmes vencedores do Oscar que não mereceram o prêmio, quando outras obras concorrentes ou não concorrentes se sobressairão. Este, na verdade, é um dos elementos mais importantes do Oscar: ver o quanto a Academia passou perto, muitas vezes, de um acerto, e o quanto os espectadores, como o tempo, fizeram por bem colocar as coisas, afinal, em seu devido lugar, ajudando a reconhecer muitos outros filmes esquecidos.
* Não são comentadas as indicações de Documentários e das Animações, por não ter visto todos. Na categoria de Filme estrangeiro, apenas comento sobre os que vi, mas não qual seria o melhor, em minha opinião, justamente por não ter visto todos.
Melhor filme
Alguns filmes foram ignorados (em todas as categorias ou apenas nas principais): Moonrise Kingdom, O mestre, Cloud Atlas, As vantagens de ser invisível, As sessões, Na estrada, Anna Karenina e O hobbit são melhores, mais completos, a meu ver, do que alguns indicados, como Lincoln, O lado bom da vida e, sobretudo, Argo e Indomável sonhadora (o mais fraco de todos). Embora Lincoln e O lado bom da vida tenham méritos evidentes, poderiam ter ficado nas indicações para elenco e técnicas (aqui no caso do filme de Spielberg). Em A hora mais escura, Bigelow se mostrou, pela primeira vez, o que falavam dela em alguns filmes anteriores. Não gostei de Guerra ao terror, mas este novo filme impressiona. Ela conseguiu fazer um filme sobre a perseguição da CIA a Osama bin Laden sem cair no patriotismo, pelo contrário, investigando o sistema utilizado e fazendo críticas (mesmo que discretas, pois seu enfoque se perderia) ao governo norte-americano. No entanto, não se costuma gostar desse tratamento nos Estados Unidos, a exemplo de Todos os homens do presidente, de Alan J. Pakula, em 1977, e JFK, de Oliver Stone, em 1992.
As diferenças entre Tony Mendez e a personagem Maya também parecem evidentes: enquanto o primeiro representa o herói de Hollywood, a segunda não pode aparecer, ou seja, precisa ficar na sombra, na escuridão da qual faz parte. Ver semelhanças de uma ode ao patriotismo (colocando, além disso, os canadenses como coadjuvantes da própria história), como acontece em Argo, também em A hora mais escura, parece-me inevitavelmente falho. Bigelow, dentro do campo em que transitou, mais delicado do que Argo, não se curvou a ideias políticas – tendo sido bastante criticada. A hora mais escura começou a perder quando iniciou a polêmica das cenas de tortura, o que trouxe à discussão parlamentares e o governo dos Estados Unidos.
A Academia nunca deseja se posicionar, portanto Argo entrou neste espaço deixado, passando-se por uma diversão ingênua (o que não deixa de ser, em parte, embora apresente os iranianos de forma mais unidimensional do que os árabes em A hora mais escura). Isso não repercutiu apenas na categoria de melhor filme e direção, mas na categoria de atriz. Chastain é uma atriz muito melhor do que Jennifer Lawrence, pelo menos no momento, entretanto interpreta uma agente politicamente incorreta. Desse modo, com toda a polêmica em torno do filme, ela nunca ganharia. Repercutiu também na categoria do roteiro de Boal, questionado por políticos, embora ele não fosse o melhor concorrente.
Lincoln também é um filme politicamente pesado, com vários diálogos específicos do campo, mas é mais interessante do que Argo. Django livre, mesmo com suas liberdades, é historicamente muito interessante.
Havia opções de filmes parecidos, como Os miseráveis e Anna Karenina, sobretudo pelo visual, optando-se por um no momento das indicações e das premiações; a pouca empatia da Academia em relação a Wes Anderson fez com que Moonrise Kingdom perdesse espaço para Indomável sonhadora. Tenho apreciação especial por Django livre, Os miseráveis e As aventuras de Pi, mas meus favoritos são A hora mais escura e o arrebatador Amor. São filmes, cada qual, memoráveis, seja na contenção dramática (em Amor), seja no suspense e no drama (A hora mais escura). O grande filme esquecido de 2012, a meu ver, é O mestre – embora Moonrise Kingdom tenha minha admiração especial –, com sua direção irretocável, fotografia e elenco primorosos. De qualquer modo, o cinema esteve representado nesta edição mais do que em alguns dos anteriores. E chama a atenção a metragem de alguns indicados: Lincoln (150 minutos), A hora mais escura (157), Os miseráveis (158) e Django livre (165), num ano que também teve O hobbit – Uma jornada inesperada (169), Batman – O cavaleiro das trevas ressurge (165) e Cloud Atlas (172), os dois últimos notórios esquecidos nas indicações. A parte técnica de ambos, especialmente, para além de suas qualidades gerais em outras categorias principais, deveria ter recebido várias indicações. O primeiro teve uma pressão contrária, desde a não indicação do segundo, e Cloud Atlas só não esteve em várias categorias por ter sido feito mais por europeus. Já O hobbit sofreu uma espécie de preconceito por ser a segunda franquia do mesmo universo e do mesmo diretor que ganhou tudo por O senhor dos anéis.
Escolhido: Argo
Deveria ganhar:
Dos indicados: A hora mais escura
Dos não indicados: O mestre
Melhor Diretor
Steven Spielberg (Lincoln)
David O. Russell (O lado bom da vida)
Ang Lee (As aventuras de Pi)
Michael Haneke (Amor)
Benh Zeitlin (Indomável sonhadora)
Alguns dos melhores diretores do ano passado não estavam na lista: Kathryn Bigelow (A hora mais escura), Wes Anderson (Moonrise Kingdom), Paul Thomas Anderson (O mestre), Quentin Tarantino (Django livre), os irmãos Andy e Lana Wachawski e Tony Kwyer (Cloud Atlas), Stephen Chbosky (As vantagens de ser invisível), Walter Salles (Na estrada) e David Cronenberg (Cosmópolis). Benh Zeitlin não convence à frente de Indomável sonhadora, e David O. Russell e sua psiquiatria reconfortante é talentoso no manejo com os atores, um pouco menos no roteiro, e ainda assim não tão competente quanto estes citados. Ang Lee e Steven Spielberg confirmam o talento artesão que possuem, mas Lee se sai melhor na experimentação: seu As aventuras de Pi é um trabalho de sensibilidade, enquanto Lincoln não chega a ser uma exceção na carreira de Spielberg. Kathryn Bigelow é uma das explicações para A hora mais escura ser um filme tão impactante, mas talvez quem merecesse seria Michael Haneke. Sua direção em Amor é discreta e efetiva, conseguindo controlar de maneira irretocável dois atores veteranos e o cenário do apartamento em todos seus detalhes. No entanto, Lee ter saído vencedor não é absurdo.
Escolhido: Ang Lee (As aventuras de Pi)
Deveria ganhar:
Dos indicados: Michael Haneke (Amor)
Dos não indicados: Paul Thomas Anderson (O mestre)
Melhor ator
Daniel Day-Lewis (Lincoln)
Joaquin Phoenix (O mestre)
Bradley Cooper (O lado bom da vida)
Denzel Washington (O voo)
Hugh Jackman (Os miseráveis)
Joaquin Phoenix teve a melhor atuação do ano, como Freddie Quell, cheio de maneirismos corporais, seguido por Daniel Day-Lewis, o vencedor, segurando cada fala como se fosse implosiva. Difícil Phoenix repetir as atuações que mostrou em Johnny & June, Amantes e neste. Bradley Cooper mostrou-se também um bom ator, embora não sei se, também representando alguém com problemas psiquiátricos, Logan Lerman (de As vantagens de ser invisível), não tenha sido melhor, mesmo sendo mais jovem. Hugh Jackman está bem em Os miseráveis, embora, ao final, se veja que não tem a mesma intensidade do início e se desdobre em encobrir os saltos da montagem e acompanhar a maquiagem da velhice. Por sua vez, Denzel Washington está ótimo no subestimado O voo, de Robert Zemeckis, pelo menos melhor do que Cooper e Jackman. Não merecia ficar de fora. Notáveis as atuações, esquecidas em quase todas as premiações, de Suraj Sharma (As aventuras de Pi) e de Jean-Louis Trintignant (Amor). Não vi a atuação elogiada de Jack Black em Bernie. Por outro lado, John Hawkes encontra-se notável em As sessões; sua ausência foi incompreensível.
Escolhido: Daniel Day-Lewis (Lincoln)
Deveria ganhar:
Dos indicados: Joaquin Phoenix (O mestre)
Dos não indicados: John Hawkes (As sessões)
Melhor atriz
Jennifer Lawrence (O lado bom da vida)
Quvenzhané Wallis (Indomável sonhadora)
Jessica Chastain (A hora mais escura)
Naomi Watts (O impossível)
Emmanuelle Riva (Amor)
Emmanuela Riva está memorável, com seu gestual que representa a doença pela qual passa, mas Jessica Chastain confirma ser uma das melhores atrizes a surgirem nos últimos anos e sustenta a maior parte de A hora mais escura. Naomi Watts também é um ponto de destaque em O impossível (ela deveria ter ganho por Cidade dos sonhos, mesmo que sequer tenha sido indicada naquela oportunidade). Não fui convencido pela atuação premiada pelo Oscar de Jennifer Lawrence, uma atriz ainda a ser lapidada, que oferece carisma a O lado bom da vida, e apenas isso. A menina Quvenzhané Wallis é uma surpresa, também sua interpretação, porém é prejudicada pela narrativa falha de Indomável sonhadora. Depois da fraca participação no terceiro Batman, Marion Cotillard mostra novamente seu talento reconhecido e já premiado por Piaf em Ferrugem e osso, pelo qual deveria ter sido indicada.
Escolhida: Jennifer Lawrence (O lado bom da vida)
Deveria ganhar:
Das indicadas: Jessica Chastain (A hora mais escura)
Das não indicadas: Marion Cottilard (Ferrugem e osso)
Melhor ator coadjuvante
Alan Arkin (Argo)
Philip Seymour Hoffman (O mestre)
Christoph Waltz (Django livre)
Tommy Lee Jones (Lincoln)
Robert DeNiro (O lado bom da vida)
Esta foi a premiação mais difícil. A meu ver, merecia Phillip Seymour Hoffman, seguido por Cristoph Waltz (que, de fato, venceu). Robert De Niro está bem, mas nada fora do comum dentro dos parâmetros de sua trajetória brilhante. Tommy Lee Jones faz um papel normal: está melhor em Um divã para dois. Alan Arkin não deveria ser indicado, apesar de ser ótimo ator. A questão é que eu muitas atuações melhores do que as de pelo menos três não estavam indicadas à categoria: Leonardo DiCaprio e Samuel L. Jackson (Django livre), Ezra Miller (As vantagens de ser invisível), Bernard Shaw e Jim Broadment (Cloud Atlas), William H. Macy (As sessões), Javier Bardem (007 – Operação Skyfall), Michael Fassbender (Prometheus), Edward Norton e Bruce Willis (Moonrise Kingdom), Jude Law (Anna Karenina) e Garret Hedlund (Na estrada). Talvez seja a categoria com mais concorrentes do ano. E a melhor atuação é a de Garrett Hedlund, anteriormente subaproveitado em Tron – O legado, como o Dean Moriarty melancólico.
Escolhido: Cristoph Waltz (Django livre)
Deveria ganhar:
Dos indicados: Phillip Seymour Hoffman (O mestre)
Dos não indicados: Garrett Hedlund (Na estrada)
Melhor atriz coadjuvante
Amy Adams (O mestre)
Sally Field (Lincoln)
Anne Hathaway (Os miseráveis)
Helen Hunt (As sessões)
Jacki Weaver (O lado bom da vida)
Amy Adams e Sally Field estão excelentes; a única que parece destoar aqui é Jacki Weaver, num papel sem muita participação, apesar de seu rosto ser realista e convencer na pele da mãe de Pat. Embora Anne Hathaway, a vencedora da categoria, tenha méritos pelos raros minutos em que aparece em Os miseráveis, eu considero Helen Hunt de volta à grande forma em As sessões. Sua atuação é comovente. Mas uma indicação justa seria para Sarah Gadon, a esposa com desejos de ser poeta do milionário Erik Packer. É um dos pontos altos de Cosmópolis.
Escolhida: Anne Hathaway (Os miseráveis)
Deveria ganhar
Das indicadas: Helen Hunt (As sessões)
Das não indicadas: Sarah Gadon (Cosmópolis)
Melhor filme estrangeiro
Amor (Áustria)
O Amante da Rainha (Dinamarca)
No (Chile)
Kon-Tiki (Noruega)
War Witch (Canadá)
Só vi Amor, O amante da rainha e No. Desses três, o melhor parece ser Amor, embora eu ache a reconstituição de época de O amante da rainha notável e a montagem acelerada com imagens propositalmente mal gravadas de No interessante, além da atuação de García Bernal. No entanto, Amor me parece um filme completo.
Escolhido: Amor
Melhor animação
Melhor animação
Valente
Frankenweenie
Detona Ralph
ParaNorman
Piratas Pirados!
Escolhido: Valente
Melhor roteiro original
Michael Haneke (Amor)
Quentin Tarantino (Django livre)
Mark Boal (A hora mais escura)
Wes Anderson, Roman Coppola (Moonrise Kingdom)
John Gatins (O voo)
O melhor roteiro de todos, na estrutura e na montagem, é o de Moonrise Kingdom. No entanto, Django livre, o premiado, tem diálogos mais fortes, circunstancialmente, do que os demais, embora tenha partes sobrando (prejudicado pela montagem) na metade e no final. O roteiro de A hora mais escura tem bastante qualidade, com sua narrativa repleta de cortes, e o de Amor, a despeito de sua aparente facilidade, é notável, sem excessos. Apesar de não trazer grandes novidades, os diálogos de O voo são muito bem construídos e não há excessos no filme (apesar do final forçado). Mas fica difícil entender a não indicação para Paul Thomas Anderson pelo roteiro de O mestre.
Escolhido: Quentin Tarantino (Django livre)
Deveria ganhar:
Dos indicados: Wes Anderson e Roman Coppola (Moonrise Kingdom)
Dos não indicados: Paul Thomas Anderson (O mestre)
Melhor roteiro adaptado
Tony Kushner (Lincoln)
Chris Terrio (Argo)
David O. Russell e Matthew Quick (O lado bom da vida)
Lucy Alibar e Benh Zeitlin (Indomável sonhadora)
David Magee (As aventuras de Pi)
O roteiro de Lincoln, apesar de complexo, é, em termos de diálogos, muito convincente, ao contrário dos de Argo (que saiu vencedor), de O lado bom da vida (com algumas falas divertidas, entretanto) e Indomável sonhadora (o menos interessante). Não li o material de origem em que se basearam, mas a qualidade da adaptação, a meu ver, deve ser independente dele. O vencedor deveria ter sido o de As aventuras de Pi. Os roteiros de As vantagens de ser invisível (da obra do próprio diretor, Stephen Chobsky) e Na estrada (adaptação de Jose Rivera) poderiam ter sido indicados.
Escolhido: Chris Terrio (Argo)
Deveria ganhar:
Dos indicados: David Magee (As aventuras de Pi)
Dos não indicados: Stephen Chbosky (As vantagens de ser invisível)
Melhor fotografia
Roger Deakins (007 – Operação Skyfall)
Claudio Miranda (As aventuras de Pi)
Robert Richardson (Django livre)
Janusz Kaminski (Lincoln)
Seamus McGarvey (Anna Karenina)
Há esquecidos aqui de todos os tipos: Eric Gautier (Na estrada), Robert D. Yeoman (Moonrise Kingdom), Greig Fraser (A hora mais escura), Danny Cohen (Os miseráveis), Frank Griebe e John Toll (Cloud Atlas), Wally Pfister (Batman – O cavaleiro das trevas ressurge) e Mihai Malaimaire Jr. (O mestre). Ainda assim, como não indicar esses filmes nomeados, todos com belíssimas fotografias? A fotografia de Claudio Miranda para As aventuras de Pi é extraordinária, sobretudo nas cenas em que o personagem está em alto-mar (sua premiação não é injusta), e a de Lincoln, idem, com suas molduras de interiores; Django livre tem belas paisagens de inverno e dos interiores de mansões, do mestre Richardson, de JFK, e 007 – Operação Skyfall traz a competência do habitual colaborador dos Coen, Deakins. A questão é que o trabalho de Seamus McGarvey para Anna Karenina é um feito de luminosidade. Uma saída seria aumentar o número de indicados desta categoria, assim como o de melhor diretor (acompanhando o número de indicações para o prêmio de melhor filme).
Escolhido: Claudio Miranda (As aventuras de Pi)
Deveria ganhar:
Dos indicados: Seamus McGarvey (Anna Karenina)
Dos não indicados: Frank Griebe e John Toll (Cloud Atlas)
Melhor trilha sonora
Mychael Danna (As aventuras de Pi)
Alexandre Desplat (Argo)
John Williams (Lincoln)
Dario Marianelli (Anna Karenina)
Thomas Newman (007 – Operação Skyfall)
Acredito que as melhores trilhas do ano não estavam indicadas: as de Alexandre Desplat (Moonrise Kingdom e A hora mais escura), Tom Tykwer, Reinhold Heil e Johnny Klimek (Cloud Atlas), Jonny Greenwood (O mestre), Gustavo Santaolalla (Na estrada) e Hans Zimmer (Batman – O cavaleiro das trevas ressurge). Desplat foi indicado pela sua trilha mais fraca (de Argo) e John Williams não se renova, infelizmente, apesar da qualidade, além de ter se transformado num concorrente obrigatório, o que tira parte da graça. A trilha de Mychael Danna (As aventuras de Pi), com sua discrição, é bela, ou seja, dos concorrentes, mereceu o Oscar.
Escolhido: Mychael Danna (As aventuras de Pi)
Deveria ganhar: Mychael Danna (As aventuras de Pi)
Dos não indicados: Tom Tykwer, Reinhold Heil e Johnny Klimek (Cloud Atlas)
Melhor canção original
Before My Time (Chasing Ice)
Skyfall (007 – Operação Skyfall)
Suddenly (Os miseráveis)
Pi’s Lullaby (As aventuras de Pi)
Everybody Needs A Best Friend (Ted)
Escolhido: Skyfall (007 – Operação Skyfall)
Deveria ganhar:
Dos indicados: Everybody Needs A Best Friend (Ted)
Melhor montagem
William Goldenberg (Argo)
Michael Kahn (Lincoln)
William Goldenberg e Dylan Tichenor (A hora mais escura)
Tim Squyres (As aventuras de Pi)
Jay Cassidy e Crispin Struthers (O lado bom da vida)
A melhor montagem é, a meu ver, de A hora mais escura. Há alguns excessos em Lincoln e As aventuras de Pi. Considero a montagem de Argo, a vencedora, pouco orgânica: ela é feita para tentar encobrir as falhas da narrativa e os tropeços na direção de Affleck e no roteiro, embora seja feita por William Goldenberg, um dos que fizeram a de A hora mais escura. O lado bom da vida não tem como destaque sua montagem (sua indicação é um mistério). Mas o vencedor, se indicado, deveria ser Alexander Berner (Cloud Atlas). Aprecio muito também a montagem de Mary Jo Markey (de vários filmes de J.J. Abrams e de Lost) para As vantagens de ser invisível, com suas passagens de tempo, de época e de um ambiente para outro, e de Lee Smith para Batman – O cavaleiro das trevas ressurge (mesmo com seus cortes abruptos).
Escolhido: William Goldenberg (Argo)
Deveria ganhar:
Dos indicados: William Goldenberg e Dylan Tichenor (A hora mais escura)
Dos não indicados: Alexander Berner (Cloud Atlas)
Melhor desenho de produção
Sarah Greenwood e Katie Spencer (Anna Karenina)
Eve Stewart (Os miseráveis)
Rick Carter, Jim Erickson e Peter T. Frank (Lincoln)
David Gropman e Anna Pinnock (As aventuras de Pi)
Dan Hennah (O hobbit: uma jornada inesperada)
Todos trabalhos de exceção, sobretudo os de Eve Stewart (Os miseráveis) e de Dan Hennah (O hobbit), no entanto o trabalho de Sarah Greenwood e Katie Spencer em Anna Karenina é brilhante. De qualquer modo, o trabalho de Hugh Bateup e Uli Hanish por Cloud Atlas deveria ter sido lembrado, assim como o de Adam Stockhausen, Gerard Sullivan e Chris Molan, por Moonrise Kingdom, o de David Crank e Jack Fisk, por O mestre, e o de Rick Heinrichs, por Sombras da noite, mais criativos do que o de Lincoln (vencedor do prêmio).
Escolhido: Rick Carter, Jim Erickson e Peter T. Frank (Lincoln)
Deveria ganhar:
Dos indicados: Sarah Greenwood e Katie Spencer (Anna Karenina)
Dos não indicados: Adam Stockhausen, Gerard Sullivan e Chris Molan (Moonrise Kingdom)
Melhor figurino
Paco Delgado (Os miseráveis)
Jacqueline Durran (Anna Karenina)
Eiko Ishioka (Espelho, espelho Meu)
Joanna Johnston (Lincoln)
Colleen Atwood (Branca de Neve e o caçador)
São trabalhos competentes de figurino, sobretudo o de Jacqueline Durran (Anna Karenina), que, afinal, venceu na categoria. Ainda assim, acredito que poderiam ser lembrados os trabalhos de O mestre (Mark Bridges), Cloud Atlas (Kym Barrett e Pierre-Yves Gayraud), O amante da rainha (Manon Rasmussen), Sombras da noite (Coleen Atwood) e O hobbit (Bob Buck, Ann Maskrey e Richard Taylor) O trabalho de Espelho, espelho meu, estilizado, como os cenários de estúdio, tem belas cores. Como se vê, Coleen Atwood foi indicada pelo competente figurino de Branca de Neve e o caçador, mas inferior, em matéria de criatividade, ao de Sombras da noite.
Escolhido: Jacqueline Durran (Anna Karenina)
Deveria ganhar:
Dos indicados: Jacqueline Durran (Anna Karenina)
Dos não indicados: Coleen Atwood (Sombras da noite)
Melhores efeitos visuais
As aventuras de Pi
O hobbit: uma jornada inesperada
Os vingadores
Prometheus
Branca de Neve e o caçador
No mínimo, quatro indicados impressionantes. Faltam, entretanto, Cloud Atlas e Batman – O cavaleiro das trevas ressurge. Os melhores efeitos são de O hobbit, seguido pelos de Os vingadores e As aventuras de Pi (que venceu na categoria) embora a meia hora final de Prometheus seja impressionante neste quesito (e talvez a mais realista). Branca de Neve e o caçador tem boa direção de arte, excelente fotografia e bons figurinos, mas talvez os efeitos especiais não sejam seu destaque.
Escolhido: As aventuras de Pi
Deveria ganhar:
Dos indicados: O hobbit
Dos não indicados: Cloud Atlas
Melhor mixagem de som
007 – Operação Skyfall
Os miseráveis
Lincoln
As aventuras de Pi
Argo
Lincoln, Os miseráveis e Argo não apresentam melhor mixagem de som do que os de Cloud Atlas, Branca de Neve e o caçador (nas cenas do pântano, por exemplo), Os vingadores ou Batman – O cavaleiro das trevas ressurge. Ou seja, a Academia se equivocou bastante aqui. A partir disso, o prêmio para Os miseráveis, apesar de ser musical, passa a ser inexplicável.
Escolhido: Os miseráveis
Deveria ganhar:
Dos indicados: As aventuras de Pi
Dos não indicados: Cloud Atlas
Melhor edição de som
007 – Operação Skyfall
A hora mais escura
Django livre
As aventuras de Pi
Argo
A melhor edição de som é a de 007 – Operação Skyfall (que dividiu o prêmio com A hora mais escura), embora a de As aventuras de Pi seja também notável. Se indicados, Cloud Atlas, Prometheus e Batman – O cavaleiro das trevas ressurge mereceriam.
Escolhidos: oo7 – Operação Skyfall e A hora mais escura
Deveria ganhar:
Dos indicados: 007 – Operação Skyfall
Dos não indicados: Prometheus
Melhor maquiagem
O hobbit: uma jornada inesperada
Os miseráveis
Hitchcock
A categoria que não indicou Cloud Atlas – cuja maquiagem é impressionante – não merece muita atenção. O hobbit apresenta o melhor trabalho e é difícil pensar as justificativas para a premiação de Os miseráveis.
Escolhido: Os miseráveis
Deveria ganhar:
Dos indicados: O hobbit
Dos não indicados: Cloud Atlas
Melhor Curta-Metragem (Animação): Paperman * Melhor Curta-Metragem:
Curfew * Melhor Documentário em longa-metragem: Searching For Sugar Man * Melhor Documentário em curta-metragem: Inocente