Top Gun: Maverick (2022)

Por André Dick

O cinema dos anos 80 sempre foi uma referência para os criadores depois que suas obras passaram a ter interesse revivido por novas gerações. Dificilmente há filmes de fantasia ou de ação tão marcantes quanto os dessa década. Ao mesmo tempo, é um cinema que valorizou o ritmo, em alguns momentos, que remetem a um videoclipe, e isso se esclarece principalmente por Flashdance e Top Gun – Ases indomáveis, este de Tony Scott, que também esteve à frente da sequência visualmente exuberante de Um tira da pesada.
Top Gun marcou toda uma geração e criou um impacto cultural de maneira muito sólida, com seu visual cheio de luzes e trilha sonora bastante marcante, tendo “Take my breath away” recebido Oscar de melhor canção. Por isso, ao longo de muitos anos, tentou-se fazer uma continuação para este exemplar que misturava ação e drama em igual medida. O próprio diretor Tony Scott iria, em determinado, dirigi-lo, antes de sua trágica morte.

Finalmente, no início de mais uma década deste século, Top Gun: Maverick é lançado. O diretor é Joseph Kosinski, que já havia mostrado talento em recuperar uma fantasia dos anos 80 em Tron – O legado, a ficção científica distópica Oblivion e fez o valoroso Homens de coragem. O novo Top Gun tem elementos de bravura do segundo sobretudo, com sua perspectiva interessante ao mostrar bombeiros de elite combatendo incêndios florestais.
A história começa mostrando o que aconteceu com Peter “Maverick” Mitchell (Tom Cruise), agora um piloto de testes, o que envolve sequências bastante influenciadas por O primeiro homem, de Chazelle, no melhor sentido. Ele é selecionado novamente por um contra-almirante, Chester “Hammer” Caincrata (Ed Harris, por um momento fazendo lembrar Os eleitos) para voltar à Escola Top Gun, mas, na verdade, o pedido é de Iceman (Val Kilmer), antigo rival de Maverick, antes de se tornar amigo, agora um almirante. Lá, ele precisa treinar um grupo de jovens pilotos para atacar uma ameaça envolvendo urânio, mesmo sob a contrariedade de Beau “Ciclone” Simpson (Jon Hamm, demonstrando mais uma vez um talento para fazer burocratas), que atua ao lado de Solomon “Warlock” Bates (Charles Parnell). Entre os pilotos estão Phoenix (Monica Barbaro), Hangman (Glen Powell) e Bradley “Rooster” Bradshaw (Miles Teller), este filho de Goose, o amigo que faleceu num acidente em Top Gun. No entanto, eles não se entendem. Maverick também reencontra Penelope “Penny” Benjamin (Jennifer Connelly), um antigo caso, que trabalha num bar, ambiente capaz de remeter a muitos momentos do filme de 1986, inclusive com um piano e os pilotos reunidos.

O novo Top Gun é cinema “linear” com atmosfera quase de clássico, ecoando a obra de Tony Scott, obra icônica, por meio também de fragmentos da trilha sonora de Harold Faltermeyer, intensificados por Hans Zimmer, Lorne Balfe e Lady Gaga, independente até de se gostar dela. Tom Cruise valoriza a influência do filme na cultura pop, mas quer dividir com uma nova geração. Trata-se de um filme de empatia. Chega a ser surpreendente ver um cinema tão compacto, hoje em dia, com uma simplicidade sem soar simplista, destacando sentimentos de empatia, reconhecimento, superação, divisão de conquistas como poucos filmes têm feito porque querem “surpreender”. A presença de Christopher McQuarrie, que fez o exitoso Missão: impossível – Operação Fallout, com Cruise, no roteiro e na produção, é importante para concretizar os objetivos. Parece haver mensagens em cada diálogo do filme, no entanto não soam superficiais. E Maverick, com certa melancolia, se torna um personagem mais humano e menos heroico do que no original de Tony Scott. Reconhecido a maior parte da narrativa como um professor, um guia, Maverick torna-se alguém que pode trazer a chance de se fazer diferente.
Tom Cruise, depois de praticamente dedicar sua carreira a Missão: impossível e outros filmes de ação, tem finalmente um papel com chance verdadeiramente dramática – e um momento específico mostra especialmente seu talento inabitual. Outros destaques no elenco de Top Gun: Maverick são Miles Teller, que nunca conseguiu repetir sucesso de Whiplash e é muito bom ator, o que já demonstrou em Cães de guerra, por exemplo, Glen Powell, ator subestimado que recebe finalmente sua chance, e Jeniffer Connelly, uma das melhores atrizes de sua geração e substituindo Kelly McGillis à altura. São personagens talvez com não tantas nuances como poderia, mas, ao mesmo tempo, este é um filme que dá sequência a uma obra que dificilmente se concentrava muito no desenvolvimento de histórias, preferindo destacar o ambiente em torno e as cenas espetaculares de caças (também superiores aqui).

Além disso, Top Gun: Maverick tem a fotografia exímia de Claudio Miranda, conseguindo dialogar com a do filme de Tony Scott dos anos 80, sem cair num mero derivado. Cenas aéreas impressionantes, de treinamento dos caças, tudo parecendo realista e impactante, com câmeras de qualidade IMAX, se espalham ao longo do filme, mas, principalmente, no terceiro ato emocionante, quando Kosinski consegue apresentar uma edição primorosa, sem sobras. Vários momentos dialogam com suas obras anteriores. O diretor elabora melhor certo impacto de ação que ainda era um pouco indefinido em Tron – O legado e Oblivion, até mesmo com certa grandiosidade ecoando Nolan e a parte final de Batman – O cavaleiro das trevas ressurge, com seus efeitos práticos. Ao contrário do primeiro, embora a narrativa seja despretensiosa, Kosinski não adota quase nenhum elemento de videoclipe: pelo contrário, algumas cenas se estendem em diálogos e conflitos (sobretudo uma que traz um antigo personagem do filme dos anos 80). É um belo exemplar de cinema que recupera traços dos anos 80, mas, ao mesmo tempo, entrega algo com elementos mais contemporâneos. Diante da distância em relação ao primeiro, não deixa até de ser um feito e um exemplo para novas obras com objetivo semelhante.

Top Gun: Maverick, EUA, 2022 Direção: Joseph Kosinski Elenco: Tom Cruise, Miles Teller, Jennifer Connelly, Jon Hamm, Glen Powell, Lewis Pullman, Ed Harris, Val Kilmer Roteiro: Ehren Kruger, Eric Warren Singer, Christopher McQuarrie Fotografia: Claudio Miranda Trilha Sonora: Lady Gaga, Harold Faltermeyer, Hans Zimmer, Lorne Balfe Produção: Jerry Bruckheimer, Tom Cruise, Christopher McQuarrie, David Ellison Estúdio: Skydance Media, Don Simpson/Jerry Bruckheimer Films Duração: 131 min. Distribuidora: Paramount Pictures

Castelo de areia (2017)

Por André Dick

Depois de Guerra ao terror (mesmo que ele seja antecedido por Soldado anônimo), de Kathryn Bigelow, os filmes sobre a guerra no Iraque se tornaram cada vez mais comuns. Em Zona verde, Paul Greengrass tentou emular o estilo de Bigelow, que atingiu uma bela variação no excepcional A hora mais escura, assim como Clint Eastwood em Sniper americano. Eis que este ano, no projeto Castelo de areia, de Fernando Coimbra, distribuído pela Netflix, a Guerra do Iraque passa a ser um tema repetitivo e a abordagem feita aqui, segundo parte da crítica, é genérica.
Há três anos, Coimbra estreou à frente da direção com o superestimado O lobo atrás da porta, um thriller urbano com problemas de estrutura e, apesar do bom elenco, um tanto repetitivo. Castelo de areia, em que o diretor parte para um gênero completamente diferente, mostra a trajetória do soldado, Matt Ocre (Nicholas Hoult), que vai para o Iraque a fim de custear a sua universidade.

Depois do 11 de setembro, as tropas invadem palácios do governo (algumas cenas lembram Três reis) e, mais adiante, sob o comando do sargento Baker (Logan Marshall-Green), ele e alguns companheiros vão parar numa aldeia perigosa, Baquba, onde se encontra o capitão Syverson (Henry Cavill) e onde é preciso ajudar a população a ter água novamente, depois da destruição imposta pela invasão norte-americana. De todos, Ocre é o que mais não gostaria de estar ali – ele mesmo machucou sua mão a fim de ser dispensado –, e Castelo de areia mostra justamente seu verdadeiro ingresso na falta de sentido que constitui uma guerra. Eles são enviados ao lugar pelo sargento MacGregor (Tommy Flanagan) e pelo tenente Anthony (Sam Spruell), mas é o sargento Baker que prepara Ocre e seus companheiros, Chutsky (Glen Powell, em mais uma ótima atuação depois de Jovens, loucos e mais rebeldes!!), Enzo (Neil Brown Jr.) e Burton (Beau Knapp).
É estranho que Castelo de areia esteja sendo visto como um genérico, quando, a partir da figura humana de Ocre, numa atuação excepcional de Hoult, retrata mais os bastidores da guerra do que dela em si, sem nenhuma pretensão de ser revolucionário, e ainda assim entregando momentos de alta tensão, com embates verdadeiramente ameaçadores, no melhor estilo quase inventado por Bigelow. A ameaça dele surge de situações aparentemente tranquilas.

A fotografia de Ben Richardson (que já realizou belos trabalhos em A culpa é das estrelas e Indomável sonhadora) capta a paisagem iraquiana de modo desolada, mas é Coimbra que consegue desenvolver, em meio a ela, uma relação interessante entre os personagens. Não há também a presença de uma visão patriótica sobre os Estados Unidos: eles ingressam no Iraque a fim de instituir uma liberdade, entretanto o filme mostra que ajudou a constituir também, como se sabe, várias milícias que não apenas confrontavam os soldados norte-americanos como tentavam impedir qualquer maneira de se reerguer o que foi destruído, numa confusão completa entre habitantes e estrangeiros. O próprio símbolo do caminhão transportando água por um deserto, a fim de manter viva uma comunidade, é incomum, se levarmos em conta que estamos em uma guerra na qual não há diálogos evidentes.
O que mais chama atenção é o crescimento em pouco tempo como diretor de Fernando Coimbra. Seu trabalho de estreia se mostrava dotado de estilo, mas pouca substância: desta vez, estilo e substância se encontram, além de uma discrição na abordagem de um jovem que não queria estar na guerra, porém, finalmente, vê nela ideais de companheirismo que procura, no que dialoga bastante com A longa caminhada de Billy Lynn, filme mais recente de Ang Lee. Lá, Billy Lynn estava em dúvida justamente sobre seu papel na guerra, se deveria voltar a ela depois de estar em casa sendo homenageado por um gesto de batalha. Ocre trabalha no mesmo plano de insegurança e, ao mesmo tempo, de desenvolvimento pessoal.

Há uma eficiência na transição de cenas e na parte técnica irretocável e, além da atuação de Hoult, Marshall-Green também tem outro desempenho ótimo, depois de encarnar um dos amantes de Madame Bovary, e Cavill, o atual Superman, se revela bem com certo bom humor. É uma pena que seu personagem não seja suficientemente desenvolvido. O roteiro de Chris Roessner, que participou da Guerra do Iraque, traz também uma boa ligação entre os personagens, sobretudo quando Ocre tem contato com o diretor de um colégio da região, Kadeer (Navid Negahban), mostrando menos maniqueísmo no tratamento de figuras iraquianas do que uma produção média de Hollywood, fazendo de Castelo de areia uma peça bastante especial do gênero. Ocre tem um comportamento autêntico de um jovem no campo de batalha: ele não quer ser Patton, um estrategista a fim de ganhar as batalhas mais improváveis, e sim sobreviver às ameaças que surgem, assim como proteger seus companheiros e permitir que se reconstrua uma parte do que foi destruído. Não se trata de enaltecer tropas norte-americanas e sim de reconhecer como a guerra apenas atrasa a verdadeira construção de qualquer país. Enxergar em Castelo de areia uma ode às tropas dos Estados Unidos contraria exatamente tudo o que o filme mostra ou deixa muitas vezes subentendido, reconhecendo a inteligência do espectador.

Sand castle, ING, 2017 Diretor: Fernando Coimbra Elenco: Nicholas Hoult, Henry Cavill, Logan Marshall-Green, Tommy Flanagan, Glen Powell, Beau Knapp, Neil Brown Jr. Roteiro: Chris Roessner Fotografia: Ben Richardson Trilha Sonora: Adam Peters Duração: 113 min. Produção: Mark Gordon, Justin Nappi, Ben Pugh Estúdio: 42, Treehouse Pictures Distribuidora: Netflix

Jovens, loucos e mais rebeldes!! (2016)

Por André Dick

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Houve uma dúvida quando o diretor Richard Linklater anunciou seu novo filme depois de Boyhood com uma temática calcada no seu clássico Jovens, loucos e rebeldes, dos anos 90, com Matthew McConaughey e Ben Affleck em início de carreira, que mostrava um jovem, Mitch Kramer (o ótimo Wiley Wiggins), ingressando na vida durante uma longa noite em que tentava encontrar seu grande amor. Parecia, sem dúvida, um regresso às raízes, mas talvez um passo atrás do que havia representado seu épico do cotidiano filmado em 12 anos e da trilogia que fez com Ethan Hawke e Julie Delpy sobre um casal que vai se conhecendo ao longo de diferentes anos. Mas, de certo modo, traz elementos já apresentados por Linklater mesmo em seus filmes menos expressivos (Escola do rock) ou subestimados (Fast food nation): um completo domínio sobre o fenômeno cotidiano das relações que podem se fortalecer, seja ao redor de um grupo composto pelo interesse musical ou por empuxes imigratórios para os Estados Unidos naquela que parece ainda a peça mais corrosiva sobre o universo ianque. Linklater sempre se destaca quando mostra núcleos, mais do que quando tenta experimentar na área de animações. Se poderia haver uma sequência para Boyhood (ainda não descartada pelo diretor), poderia ser exatamente esta obra.

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No que se adaptou para Jovens, loucos e mais rebeldes!! no Brasil, sem ser uma continuação direta, Linklater mostra um calouro de faculdade Jake (Blake Jenner), no Texas, em 1980, que se muda para uma casa onde ficará com seus futuros companheiros do time de beisebol: o companheiro de quarto Billy (Will Brittain), do interior texano, além de Finnegan (Glen Powell), Roper (Ryan Guzman), Dale (Quinton Johnson), e Plummer (Temple Baker). Esses personagens têm muito do personagem Randall “Pink” Floyd (Jason London), de Jovens, loucos e rebeldes, na sua indecisão de se tornar um jogador ou não. Desta vez, Linklater mostra essa parceria entre os potenciais jogadores de maneira calibrada, sem grande surpresa existencial para o que cada um pretende ser, e mesmo assim de forma elaborada. Eles estão ali simplesmente, para brincar ou não uns com os outros, para se fortalecer em cima de brigas forjadas, ataques à geladeira ou romances desacreditados. Em certos instantes, ele parece se fazer em cima de um roteiro livre, não fosse a arquitetura disfarçada pelo diretor nos momentos exatos.
Logo num passeio de carro pelo campus, Jake se encanta por uma jovem, Beverly (Zoey Deutch). Essa possibilidade de romance lembra muito o clima de Grease – Nos tempos da brilhantina, realçado pela fotografia excelente de Shane F. Kelly (um dos fotógrafos de Boyhood) e pelo design de produção e caracterização dos figurinos, características que diferenciam Linklater dos outros cineastas de sua geração, que parecem não ter a vivência necessária para reproduzi-los, o que se constata em outras obras suas dos anos 90, a exemplo de Slacker e SubUrbia. O romance de Linklater, nesse universo, vai além, contudo, da briga de gangues: esses são personagens que podem finalmente se encontrar e, quando se encontram, descobrir uma possibilidade de levar suas vidas adiante, nem que isso pertença apenas a uma fase.

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Numa reunião com o treinador, Gordon (Jonathan Breck), ainda são apresentados Brumley (Tanner Kalina), Jay (Juston Street) e Willoughby (Wyatt Russell), que parece saído diretamente de Woodstock. Nessa reunião, é determinado que eles não podem beber, usar drogas mais ilícitas nem levar mulheres ao lugar, o que não será seguido à risca. A casa vira um centro de diálogos das mais diversas espécies e troca de conhecimentos, LPs, vídeos de Além da imaginação e livros – e, em primeiro lugar, conversas que podem soar fúteis quando são parte da imaginação de Linklater e, sendo assim, muito boas. O fascinante uso do diretor de referências culturais sempre aumenta o interesse por seus filmes, não apenas na trilogia que fez com Hawke e Delpy (embora nela se exceda em alguns pontos), como também naqueles a princípio mais descompromissados e nos quais parece faltar justamente o que se consideraria uma cultura hermética.
A premissa do filme é muito simples, ao contrário da de Boyhood, mas o interessante é que a essência desse se mantém. Linklater novamente brinca com a cultura texana, de modo divertido e sem rótulos. A agilidade das relações é imensa, com uma espécie de visão iluminada do cotidiano, capturando uma atmosfera de mudança dos anos 70 para os 80, quase como se fosse uma continuação da série de TV Freaks and geeks (que, aliás, se inspirou muito nas obras iniciais de Linklater). Embora a trilha seja um tanto óbvia (devendo a Super 8), como é de praxe no cinema desse diretor, as atuações são ótimas, não apenas de Blake Jenner, como sobretudo de Glen Powell, bastante hilário em várias sequências, e Deutch, empregando uma graciosidade à sua personagem. Há, ao mesmo tempo, um uso de comédia sem ser forçado e de reflexão sem ser piegas nem dramática. Jovens, loucos e mais rebeldes!! é talvez o filme mais alto astral da década até agora, uma placa de otimismo em meio a tantas obras à procura apenas de melancolia. Quando tudo é uma contagem regressiva para o início das aulas, a alegria pode ser descobrir que justamente o início de tudo se deu muito antes e que fechar os olhos pode abarcar ainda mais vida do que novas lições.

Everybody wants some!!, EUA, 2016 Diretor: Richard Linklater Elenco: Blake Jenner, Tyler Hoechlin, Wyatt Russell, Ryan Guzman, Austin Amelio, Glen Powell, Zoey Deutch, Jonathan Breck, Will Brittain, Dora Madison, Jay Niles, Temple Baker, J Quinton Johnson, Tanner Kalina, Forrest Vickery, Michael Monsour Roteiro: Richard Linklater Fotografia: Shane F. Kelly Produção: Ginger Sledge, Megan Ellison, Richard Linklater Duração: 117 min. Distribuidora: Califórnia Filmes Estúdio: Annapurna Pictures / Detour Filmproduction / Paramount Pictures

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