Por André Dick
Este texto apresenta spoilers
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Na década passada, a principal rivalidade do cinema não foi entre super-heróis ou personagens bons contra maus e sim da DC/Warner em relação à Marvel/Disney, não apenas em questão de bilheteria, como também, principalmente, em estilo de filmes. Os filmes da DC sempre foram mais ligados a algo soturno, introspectivos, sem muito humor, enquanto os da Marvel eram mais vistos como solares, divertidos e com uma bem-vinda superficialidade, talvez mais fiéis aos quadrinhos, como muitos dizem.
Isso se deve a duas visões de cinema: uma é a de Zack Snyder, criador da DC/Warner, que foi incumbido de fazer o que a Marvel estava fazendo não com um criador, e sim um produtor, um coordenador de produções: Kevin Feige. Os filmes da Marvel sempre retornaram mais em público e bilheteria, assim como tiveram uma resposta crítica mais amistosa, mesmo nos momentos menos inspirados. Os filmes do universo DC vieram na esteira dos da Marvel em termos de tentativa de ligar histórias: O homem de aço teve uma recepção irregular, mas boa bilheteria, enquanto Batman vs Superman – A origem da justiça foi bastante avariado pela crítica e, apesar do bom ganho, não alcançou o que se esperava dele: a bilheteria bilionária de Os vingadores, o divisor de águas da Marvel/Disney dirigido por Joss Whedon em 2012. Com essa recepção, e depois de problemas pessoais de Snyder durante as filmagens de Liga da Justiça, a DC/Warner trouxe Whedon para finalizar o filme, regravar cenas e editar sua versão.
Em razão das críticas a Batman vs Superman, a proposta a ser atingida era de um filme mais leve, mais bem-humorado, com o espírito da Liga da Justiça, como entendeu na época um dos produtores, Geoff Johns. A metragem reduzida para duas horas se deveu a uma interferência de Kevin Tsujihara, o CEO da Warner à época, segundo o que se fala. O resultado foi o filme lançado em 2017. Em 2021, finalmente estreou a versão de Zack Snyder para Liga da Justiça, com 242 minutos, mais de duas horas a mais de filme. O que se convenciona dizer (de que o plano de Snyder para a trilogia de Liga da Justiça deve ao Vingadores) pode ser visto sob outro ponto de vista. Deve-se levar em conta que existia esta versão de Zack Snyder em 2017 e era considerada “inassistível”, fazendo com que toda vez em que nos referimos ao filme de 2021 estamos, na verdade, tratando de um filme de uma obra semifinalizada há quatro anos. Vendo o filme em 2021, todas as cenas mostram os atores e atrizes como eram há quatro anos, exceto o epílogo, com cenas filmadas em 2020. Do mesmo modo, para que não haja dúvida, toda decisão criativa do filme de 2017 é, em último caso, colocada a cargo de Joss Whedon, mesmo que tenha havido outros que decidiram nos bastidores em conjunto. Ele foi chamado para ser a referência criativa na finalização e não se deve duvidar de que as escolhas passaram pelo crivo dele.
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As diferenças entre essas versões foram abordadas neste artigo. Desta vez, passaremos a ver como Liga da Justiça de Zack Snyder tem pontos em comum com Vingadores – Ultimato, dos irmãos Russo, mas levando-se em conta que ela originalmente, em sua maior parte, foi feita em 2017, sendo finalizada (principalmente efeitos visuais e seu epílogo) em 2020/2021. Por mais que se reconheça o talento dos diretores neste filme-evento da Marvel, é plausível dizer que ele traz, em termos de imagens, muito mais inventividade do que demonstram ao longo de sua curta trajetória até agora. É notável perceber, inclusive, o quanto Ultimato começa com um sentido de melancolia que inexiste no filme anterior, Vingadores – Guerra infinita, em todos os sentidos, principalmente na fotografia, usando o sentimento de vazio de espaços abertos, e no design de produção, mostrando o Clint Barton/Gavião Arqueiro com sua família num local campestre e depois sem ela. Esta passagem tem muito da ausência que acomete Lois Lane em Batman vs Superman, quando avista o túmulo de Clark Kent a distância.
Em seguida, vemos os personagens ainda abalados pela perda de alguns super-heróis – assim como em Liga da Justiça de Zack Snyder vemos Bruce Wayne, Martha Wayne, Lois Lane e o mundo todo sob o espectro da perda do Superman. Em Ultimato, o Homem de Ferro vai morar numa fazenda com sua filha. O objetivo de reunir os Vingadores é poder reverter o que Thanos fez ao mundo no final de Guerra infinita. O objetivo de Liga da Justiça de Zack Snyder é reverter a perda do Superman. Na versão de Snyder, isso ganha uma ressonância pela maneira como a trama é contada; com a mesma efetividade que os irmãos Russo tiveram em seu Ultimato, principalmente tempo de metragem. O que dois anos antes a WB desconsiderara – um filme de no mínimo três horas, considerando-se que o corte original de Snyder era de 219 minutos – estava sendo adotado pela principal rival: um filme com enorme metragem para um filme de super-heróis e muitas vezes melancólico e soturno, termos e interpretações que se evita usar no caso da Marvel, e para isso basta ver a recepção crítica de seus filmes. Mesmo em seus momentos menos luminosos, como em Thor – O mundo sombrio, Capitão América – O soldado invernal, Capitão América – Guerra civil e Vingadores – Guerra infinita, sempre houve um clima mais de confraternização e menos de embate entre os personagens, mesmo quando levados a um limite, além de nos três últimos, dirigidos pelos irmãos Russo, uma mistura de thriller e ficção científica. A primeira hora, particularmente, de Vingadores – Ultimato poderia ser considerada uma tentativa de adaptar o universo tão criticado até então da DC/Warner, adotando o ponto de vista de Snyder, para a Marvel/Disney.
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A maneira como os irmãos Russo mostram cada personagem depois da hecatombe proporcionada por Thanos é vital para esse sentido de solidão do filme: o Gavião Arqueiro vivendo de vinganças, a Natasha Romanoff/Viúva Negra melancólica, Tony Stark/Homem de Ferro perdido no espaço sideral, Scott Lang/Homem-Formiga descobrindo figuras familiares e amigas em memoriais, assim como Lois visita o Memorial dedicado ao Superman e às vítimas do ataque de Zod em O homem de aço ou Martha Kent o túmulo de Clark. Uma atmosfera que remete a Watchmen – O filme. A Marvel/Disney capta uma melancolia que a DC/Warner negara dois anos antes na visão de Snyder porque quis trazer Joss Whedon a fim de fazer um novo Os vingadores de 2012. O mesmo Whedon dispensado pela Marvel/Disney depois de Era de Ultron.
No filme de Snyder, Arthur Curry/Aquaman não quer assumir seu posto de rei de Atlântida, quase expulsa Bruce Wayne de uma reunião num vilarejo; Flash procura emprego; e Victor Stone/Ciborgue se compadece de seus poderes ainda não descobertos.
Em Ultimato, neste clima pós-apocalíptico, o Capitão América participa de reuniões cujo um dos integrantes é feito por um dos irmãos Russo. Essa reunião tem um clima de melancolia que dialoga com uma sequência de Liga da Justiça de Zack Snyder, em que Lois se encontra com Martha em seu apartamento. A mesma luz soturna, o mesmo clima de frustração. Na versão finalizada por Whedon, o encontro de Lois e Martha acontece numa sala do Daily Planet, num ambiente solar e figurinos alegres, extraindo toda a carga de tensão. Nesse sentido, Snyder sabe que, para acontecer um crescimento de tensão para o desenlace, os personagens, como aparece em Ultimato, devem estar passando por uma fase de superação de perda e de luto.
A Lois Lane visitando o Memorial do Superman ainda lembra uma fagulha da Estátua da Liberdade no início de Ultimato, quando a humanidade tenta se reconstruir depois do que Thanos fez a ela. Na versão de Whedon, as sequências de desolação depois da morte de Superman são atenuadas ou simplesmente descartadas, como se a melancolia não pudesse pertencer a um filme do gênero. Ou seja, em 2017, é curioso entender que, se lançada a versão do filme de Snyder, Liga da Justiça anteciparia o clima melancólico adotado principalmente em Ultimato. Isso não foi feito exatamente porque a DC/Warner queria seguir o padrão de filmes da Marvel. A Marvel sabia que precisaria ingressar nesses elementos para provocar emoção no espectador, levando-o a um sentido épico. Isso só pode ser feito com grandiosidade e trabalho com os personagens, o que a DC/Warner evitou ao aceitar a versão reduzida de Whedon, recheada de gags.
E, como representação da figura do super-herói para a criança, Joss Whedon elimina uma sequência-chave da versão de 2017, quando, depois de a Mulher-Maravilha enfrentar terroristas e salvar um grupo de pessoas, conversa com uma menina dizendo a ela que pode, se quiser, ser como ela. Isso remete à conversa de Tony Stark com sua filha em Ultimato, antes de decidir se juntar novamente aos Vingadores. Não se sabe por que Whedon elimina uma cena tão importante para fazer a Liga da Justiça dialogar com o público infantojuvenil, mas ele o faz.
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Visualmente, as partes em que se mostra o imaginário do Ciborgue em Liga da Justiça de Zack Snyder conversam com a aridez do planeta Vormir, onde Thanos sacrifica a própria filha em Vingadores – Guerra infinita, e para o qual o Gavião Arqueiro e a Viúva Negra voltam em Ultimato. Há um trabalho de CGI muito parecido e um planeta no alto do céu solitário, mas parecendo estar muito próximo, como a Lua no filme Melancolia – e essas imagens já poderiam ser entrevistas em muito material de Watchmen – O filme também, em 2009, principalmente relacionadas ao Dr. Manhattan.
O drama do Ciborgue, aliás, lembra muito o drama inicial do Homem de Ferro em Ultimato, quando ele está fraco e sem energia por causa do próprio maquinário que o impulsiona, com seu coração quase estilhaçado, como se cobrasse por sua energia, o que era entrevisto em Homem de Ferro 2 e Homem de Ferro 3, mas não com o drama que acontece aqui, desde sua solidão no espaço sideral até sua tentativa de readaptação.
Também é possível ver algo do vilarejo de Aquaman naquele onde Thor e sua trupe fazem a nova Asgard. Thor está tão embriagado e barbudo quanto o Aquaman. Bruce Banner/Hulk e o Rocket chegam ao lugar numa caçamba de caminhonete, como Aquaman se despede em Liga da Justiça de Zack Snyder de Mera e Vulko para ir visitar o seu pai. Não são apenas proximidades, mas contextualizações e modos de filmar cada personagem muito parecidos.
No início de Ultimato, Capitão América aparece solitário em frente a um espelho e sobrevive em cenários com Viúva Negra do centro dos Vingadores construído por Tony Stark, desta vez com um design mais soturno que lembra o da aeronave que leva Bruce Wayne em Liga da Justiça de Zack Snyder, assim como o de sua Batcaverna, principalmente na versão de Snyder, já que a de Snyder procura sempre luzes pela janela. Tem também o mesmo sentido de tentar reorganizar a equipe como Bruce Wayne tem de reunir os componentes da Liga da Justiça. Ambos também estão num momento de buscar a serenidade e a reconciliação com antigos companheiros de batalha. São sérios, mas o Bruce Wayne, por ser de Snyder, é visto pela crítica como sisudo. Não por acaso, Whedon foi contratado para inserir falas como, depois de ser jogada pelo Superman do alto: “Tem algo sangrando em mim”, referência satírica a um diálogo entre os dois em Batman vs Superman. Enquanto em Ultimato temos a imponente máquina do tempo na instalação dos Vingadores, na Batcaverna de Liga da Justiça Wayne tenta arrumar sua aeronave.
Esses pontos de construção de cada personagem também são mais elaborados na versão de Snyder – assim como no filme dos Russo – por causa do tempo. Whedon correu contra o tempo nas refilmagens para tirar todo o escopo épico de Snyder, que os Russo irão adotar algum tempo depois em Ultimato.
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Finalmente, por que Joss Whedon finalizou um vilão com tão pouca dedicação como Lobo da Estepe é uma incógnita. Não é este vilão que aparece nos story-boards de Snyder, revelados em Justice League – The art of the film, de Abbie Bernstein. Neles, já aparece Lobo da Estepe com a armadura que seria usada na versão de 2021. É um vilão não com a mesma linha de diálogos de Thanos, mas tão imponente quanto, com, inclusive, um machado. Whedon o torna por vezes risível e sem nenhum traço épico.
Não há ameaça nele, e as suas falas se reduzem a lugares-comuns. Isso afeta o ato final de Ultimato e que em Liga da Justiça de Zack Snyder finalmente vemos de forma completa. O mais curioso é que, na época de lançamento do filme, Whedon curtiu tweets de Joanna Robinson, da revista Vanity Fair, que criticavam justamente o vilão, considerando-o pior do que o de Thor – O mundo sombrio, como se ele, Whedon, não tivesse relação com o resultado, com as escolhas e não tivesse recebido um grande cachê por seus “acréscimos”. Na versão completa de Snyder, Lobo da Estepe recebe a armadura dos story-boards, tornando-se praticamente outro personagem.
No seu filme completo, Snyder mostra a luta das Amazonas e do povo de Atlântida, além de deuses do Olimpo e de um Lanterna Verde, contra o Darkseid. Essa sequência picotada no filme de 2017 para parecer um ligeiro flashback é vista em grande escopo na versão de Snyder, com ecos de O senhor dos anéis e 300 – e vemos nela a mesma iluminação e tom de fotografia de Fabian Wagner que seriam adotados no ato final de Ultimato.
Ao longo do filme de 2017, Whedon também opta por cortar as histórias do Ciborgue e diminuir a do Flash, vitais para o ato final do Liga da Justiça de Zack Snyder. Nele, o Flash, assim como o Homem de Ferro, busca atingir seu limite para salvar o Ciborgue, que está se sacrificando pela humanidade contra o Lobo da Estepe, igual ao Homem de Ferro no filme dos irmãos Russo contra Thanos.
Whedon tira a história do Ciborgue para torná-lo um personagem sem importância, quando já havia um bastante similar na Marvel, com muito sucesso e que, dois anos depois, se sacrifica pelos Vingadores. Principalmente quando ele precisa lidar com a Manopla do Infinito, assim como o Ciborgue lida com as Caixas Maternas. Manopla que em Ultimato quase mata, numa das sequências anteriores, o poderoso Hulk. Cada corte de Whedon interfere não apenas na visão do Liga da Justiça original de Snyder, como é revertido como ponto positivo e peça surpreendente no filme dos super-heróis da Marvel. O Flash jovem e entusiasmado em contribuir com a equipe também funciona como peça emotiva e diálogo com o Superman de 1978, com sua generosidade em tentar salvar o Ciborgue, tentando retroceder no tempo. O tempo que é vital para toda a narrativa de Ultimato, quando os personagens devem viajar no tempo, a fim de conseguir encontrar o ponto inicial em que surgiu cada Joia do Infinito. Sabe-se o quanto história de HQs podem se assemelhar, mas o roteiro de Chris Terrio para Liga da Justiça de Zack Snyder é um verdadeiro tour de force para todos os elementos que não podem faltar num filme de super-heróis.
Outro detalhe envolvendo o Ciborgue é que na versão de Whedon sua ligação com o pai, Silas Stone, é praticamente eliminada. O pai não frequenta os jogos de futebol americano do qual o filho participa, por estar sempre concentrado na ciência. Seu arco o aproxima novamente do Homem de Ferro de Tony Stark. Em Liga da Justiça de Zack Snyder, Silas quer que o filho descubra seus poderes e permite à Liga entrar na nave de Zod, para ressuscitar Superman. Ao final, quando tenta escapar com uma das Caixas Maternas, fugindo do Lobo da Estepe, ele se sacrifica em frente ao filho. Em Ultimato, temos o encontro de Tony Stark com seu pai, Howard, ainda jovem e antes de ele nascer, na sede da SHIELD, em 1970, o que antecede o sacrifício que ele, como Homem de Ferro, faz pela equipe contra Thanos, como se fosse um acerto de contas com seu passado.
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No arco da volta do Superman em Liga da Justiça de Zack Snyder, para o qual Whedon contribuiu com refilmagens desnecessárias, ele também abstrai duas cenas que dialogam diretamente com O homem de aço e ajudam a tornar essa volta à vida do super-herói mais completa, como se um círculo se completasse. Uma é quando Clark Kent olha pela janela de sua casa em Smalville, ao lado de Lois, o balanço onde brincava quando criança. Outra é quando no milharal brinca com um borboleta, da mesma cor de uma que aparecia numa vidraça numa das imagens de sua infância em O homem de aço. Possivelmente, Whedon e os produtores responsáveis pelo corte do filme que foi aos cinemas devem ter imaginado que eram cenas supérfluas e sem significado, colocadas por Snyder sem nenhum sentido especial ou de ligação com seu primeiro filme sobre Superman.
Finalmente, na batalha final, quando se vê atacado pela nave de Batman, o Lobo da Estepe manda os parademônios saírem para o confronto, dialogando com uma das imagens da multiplicação do Doutor Estranho em Guerra infinita. Essas imagens, como as que se refletem também em Thor: Ragnarok, lidam com uma iconografia muito próxima daquela que Snyder apresenta em 300 e Sucker Punch, uma influência de deuses do Olimpo. Whedon talvez esqueça da versão de Pozharnov de Snyder, na qual se dá esses acontecimentos, porque considerava estar em Sokovia de Era de Ultron, substituindo o drama do ciborgue pelo de uma família que estaria morando dentro de um centro radioativo.
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Interessante como em 2017 a DC/Warner queria um produto de 2012 de Joss Whedon, quando Snyder tinha entregue na versão completa algo que rivalizaria e anteciparia elementos de Ultimato, de dois anos depois. Pode-se também avaliar que em Liga da Justiça de Zack Snyder o Ciborgue tem premonições do que acontecerá a seus companheiros, assim como Homem de Ferro em Vingadores – Era de Ultron, e Whedon removeu essas cenas inseridas por Snyder.
Nelas, Ciborgue vê Superman segurando Lois morta, enquanto Darkseid o ameaça, assim como Diana Prince/Mulher-Maravilha sendo velada numa pira de fogo. O epílogo de Liga da Justiça de Zack Snyder também traz o Flash com o mesmo visual que aparece após a sequência do Knightmare dizendo que Lois é a chave. Mas Whedon, quando fez Era de Ultron, já tinha como referência no cinema o próprio O homem de aço, em que o Superman tinha imagens assustadoras sobre ele em cima de ossos terráqueos, com a terra destruída pela passagem de Zod (antes de Snyder ceder à cena de destruição de Metropolis, que remete a Os vingadores).
Além de a fazenda da família do Gavião Arqueiro, onde os Vingadores se escondem em Era de Ultron, lembrar muito a casa do Superman em Smalville em O homem de aço.
Chama a atenção como o tom e a construção de vários personagens de Liga da Justiça de Zack Snyder – um filme que existia em 2017, mas não finalizado – se reproduziriam em Vingadores – Ultimato de forma direta ou indireta. Whedon teria feito essas mudanças por, a princípio, uma escolha criativa pessoal ou tomadas em conjunto com a Warner. O resultado foi o desaparecimento do traço épico e eliminação de possíveis cliffhangers para continuações. Sabe-se que se o filme fosse um sucesso sua sequência seria lançada talvez num dos anos dos Vingadores subsequentes. Comentários indicam que Whedon tinha várias ressalvas ao filme de Zack Snyder. Matt Goldberg, da Collider, teria ouvido de pessoas dos bastidores que ele era inassistível. O que se percebe, depois de ver Liga da Justiça de Zack Snyder, é que, de forma curiosa, Ultimato não teria nenhuma contrariedade ao estilo que Zack Snyder teria empregado na versão original de Liga da Justiça: a mesma melancolia inicial, o Thor/Aquaman como habitantes de um vilarejo na costa e batalhas ferozes contra um vilão com machado implacável, entre outros elementos vistos ao longo deste artigo. Os mesmos elementos que teriam feito o filme de Snyder fracassar, segundo quem tomava a decisão na DC/Warner à época, se tivesse sido lançado de forma completa ou pelo menos na sua versão de 219 minutos em 2017. Uma grande curiosidade para o cinema. Quase como uma provocação a Whedon, Snyder congela a Liga da Justiça antes da batalha contra o Lobo da Estepe, como Whedon fizera com os Vingadores no início de Era de Ultron. Esta sequência já podia estar no corte original de Snyder, mas acho que foi um acréscimo aqui. Fala-se que Snyder nunca viu a versão finalizada por Whedon para Liga da Justiça, aconselhado, entre outros, por Christopher Nolan. Eu cogito que ele tenha visto. Hoje, finalmente pode-se dizer que finalmente todos podemos ver Liga da Justiça de Zack Snyder e o quanto ele foi alterado, subvertido e prejudicado por Joss Whedon.