Série Alien (1979, 1986, 1992, 1997)

Por André Dick

Dirigido por Ridley Scott – que vinha de Os duelistas (1977) – Alien – o 8º passageiro marcou o final dos anos 1970 como uma das ficções científicas mais originais até então feitas, com elementos de terror e visual, em parte, de videoclipe, pois o diretor combina com este universo. Nesse sentido, o filme tem excelentes achados, a revelação de Sigourney Weaver, como Ellen Ripley, o desenho de produção raríssimo (de H.R. Giger) e bons efeitos especiais, que ganharam o Oscar. O problema, em certa parte, está no roteiro (não que o das continuações seja excelente, mas aqui parece haver uma previsibilidade): todos os personagens parecem morrer facilmente demais, por causa de uma criatura que fica grudada no capacete de um dos tripulantes de um cargueiro de  minério espacial, depois de ele descer num planeta estranho. Seu sucesso se deve a cenas de terror (como o monstro saindo da pessoa que torna hospedeira) e ao monstro, que realmente assusta.  Além disso, o elenco coadjuvante (com John Hurt, Ian Holm e Harry Dean Stanton) é de muita qualidade. Em Prometheus, a ser lançado ainda este mês, apesar de isso não ser exposto de maneira excessiva, Scott faz um prólogo dessa história.
Ficção científica de James Cameron com mais sustos do que sua primeira parte, Aliens – O resgate traz de volta Ripley, que passa mais de meio século no espaço sideral, navegando, e é recolhida e tratada, inclusive para seus pesadelos com o alienígena que matou todos os tripulantes de sua espaçonave. No entanto, o planeta de origem da criatura, nesse meio tempo entre o primeiro e o segundo filme, foi colonizado e teve seu sinal interrompido. É motivo, então, para ela voltar lá com vários fuzileiros navais, a fim de ver o que aconteceu com os moradores, e para James Cameron revelar todo seu talento com efeitos especiais e direção de arte elaborada e assustadora (o que vemos em Avatar, por exemplo), construída nos estúdios Pinewood, da Inglaterra. Ripley perdeu sua filha e encontra numa das sobreviventes do planeta, Newt (Carrie Henn) uma filha adotiva. Isso até o momento em que precisar enfrentar a mãe de todos os aliens que infestaram a estação do planeta. Os fuzileiros são caricatos (há uma durona, por exemplo, e um valente que, no primeiro ataque dos monstros, quer fugir), sempre coordenados por um burocrata, no entanto isso não incomoda, pois Cameron quer mostrar mesmo o estilo grosseiro e cômico deles. Um deles é valente, mas depois do ataque dos aliens se torna medroso (Bill Paxton), fazendo um contraponto com o general de Avatar. Na verdade, Cameron enfoca o sentido materno de Ripley, que não aparecia no primeiro, pois não sabíamos que ela já tinha uma filha. E a maneira como ele entrelaça a perda com o encontro de Newt é muito bem delineado. Por muitos considerado melhor do que original, parece-me que é um filme mais completo, no sentido de que cria uma atmosfera de maior suspense ainda – levando em conta que já não temos a surpresa do original. Como diversão, Aliens – O resgate é uma das maiores da década de 1980.
Por sua vez, Alien 3 é dirigido pelo talentoso estreante David Fincher (que faria depois, entre outros, Seven, O curioso caso de Benjamin Button e A rede social), que havia feito até então clipes de Madonna, Billy Idol, entre outros. Ele pode ter salvo uma ficção científica com muitos problemas de produção (estouro de orçamento, abandono de dois diretores – Vincent Ward e Renny Harlin –, muitos roteiros, reclamações de Sigourney, que não queria voltar à série). No papel da tenente Ellen Ripley, Sigourney transforma-se, aqui, numa espécie de fuzileira naval, de cabeça raspada, roupa maltrapilha e cara cheia de machucados. Ela volta a enfrentar um alien, muito mais veloz, num planeta-prisão, habitado por homens que seguem uma religião medieval e foram aprisionados ali por serem loucos ou psicopatas. O diretor soube criar uma atmosfera vazia e com clima claustrofóbico, tal como o primeiro da trilogia, mas com o suspense do segundo. Para isso, contou com a colaboração do desenhista de produção Norman Reynolds e do criador dos aliens, o suíço H.R. Giger. A ação parece se localizar justamente na Idade Média, mesmo sabendo que estamos no futuro. O fator que diferencia este Alien dos outros é a temática existencial, assinada por Vincent Ward (diretor de Navigator). Os personagens nunca agem de maneira previsível, principalmente, sobretudo os de Dance (o médico) e Dutton (o braço direito do líder da religião) e, claro, de Sigourney, emprestando um lado verossímil a um personagem que combate um monstro quase sem armas – ao contrário do segundo filme, ou seja, aproximando-se mais do original. Tem muita ação, muitos movimentos de câmera (para mostrar as perseguições), excelente maquiagem, uma boa dose de humor e apenas um problema: a curta duração. Considerado inferior aos demais, me parece quase tão bom quanto o segundo.

No entanto, a continuação da série foi muito fraca: Alien – A ressurreição. Além de trazer de volta a tenente Ellen Ripley, interpretada por Sigourney Weaver, os produtores da Fox chamaram o francês  Jean-Pierre Jeunet para o cargo de diretor do novo Alien.
Se ele era elogiado por Delicatessen e Ladrão de sonhos, requintes de apuro visual – exigência para ser diretor da série, a julgar por Scott, Cameron e Fincher –, e viria a dirigir a obra-prima O fabuloso destino de Amélie Poulain, em sua estreia de Hollywood não se deu bem. Quase nada se salva. Fora os efeitos especiais, mais profissionais, e dos cenários fantásticos, superiores a qualquer ficção científica atual, Alien – a ressurreição é totalmente dispensável. A história é apenas motivo para mostrar um festival de mortes e violência com bastante exagero. Carrega demais na atmosfera, um híbrido entre gosma e pesadelo, exibindo monstros estraçalhando humanos – o que se via apenas de forma discreta, sobretudo no terceiro e, infelizmente, não o último capítulo –, seres mutantes (que rende uma das cenas mais asquerosas do filme), uma nova rainha alien, que dá a luz a um rebento demoníaco, além de uma porção de cenas sem nenhuma importância.
A partida da história já é absurda: os cientistas do filme anterior conseguem clonar a tenente Ripley, conseguindo extrair dela a mesma rainha alien, para reprodução. Enquanto a clone tem uma força incomum, proporcional ao do alien, os monstros da nova ninhada se rebelam contra os cientistas que os pesquisam numa nave, onde também se encontra um grupo de mercenários especiais, cujo destino é a morte e onde se inclui uma moça que esconde um segredo (Winona Ryder, em mau momento).
É triste assistir a um péssimo desfecho da série, com Sigourney totalmente sem roteiro e a vontade fracassada do diretor Jeunet em fazer o público se divertir com um número impressionante de mortos – o que é uma pena, pois a fotografia, os efeitos especiais e os cenários do novo filme são irrepreensíveis, assim como os outros filmes de Jeunet. Veremos se Prometheus irá recuperar a qualidade da trilogia inicial.

Alien, EUA, 1979 Diretor: Ridley Scott Elenco: Tom Skerritt, Sigourney Weaver, Veronica Cartwright, Harry Dean Stanton, John Hurt, Ian Holm, Yaphet Kotto, Bolaji Badejo, Helen Horton Produção: Gordon Carroll, David Giler, Walter Hill Roteiro: Dan O’Bannon Fotografia: Derek Vanlint Trilha Sonora: Jerry Goldsmith, Lionel Newman Duração: 124 min. Distribuidora: Não definida

Cotação 3 estrelas e meia

Aliens, EUA/Reino Unido, 1986 Diretor: James Cameron Elenco: Sigourney Weaver, Carrie Henn, Michael Biehn, Paul Reiser, Lance Henriksen, Bill Paxton, William Hope, Jenette Goldstein, Al Matthews. Produção: Gale Anne Hurd Roteiro: James Cameron, David Giler, Walter Hill, Dan O’Bannon, Ronald Shusett Fotografia: Adrian Biddle Trilha Sonora: James Horner Duração: 137 min. (Versão estendida: 154 min). Distribuidora: Não definida Estúdio: Twentieth Century Fox Film Corporation / Brandywine Productions / SLM Production Group

Cotação 4 estrelas e meia

Alien 3, EUA/Inglaterra, 1992 Diretor: David Fincher Elenco: Sigourney Weaver, Charles S. Dutton, Charles Dance, Paul McGann, Brian Glover, Ralph Brown, Danny Webb, Christopher John Fields. Produção: Gordon Carroll, David Giler, Walter Hill Roteiro: Vincent Ward, David Giler, Walter Hill, Larry Ferguson Fotografia: Alex Thomson Trilha Sonora: Elliot Goldenthal Duração: 114 min. (Versão estendida: 135 min.) Distribuidora: Não definida Estúdio: Brandywine Productions / Twentieth Century Fox Film Corporation

Cotação 4 estrelas

Alien: resurrection, EUA, 1997 Diretor: Jean-Pierre Jeunet Elenco: Sigourney Weaver, Winona Ryder, Dominique Pinon, Ron Perlman, Gary Dourdan, Michael Wincott Produção: Bill Badalato, Gordon Carroll, David Giler, Walter Hill Roteiro: Joss Whedon Fotografia: Darius Khondji Trilha Sonora: John Frizzell Duração: 109 min. Distribuidora: Não definida Estúdio: Brandywine Productions / Twentieth Century Fox Film Corporation

1 estrela e  meia